O Open Finance completa dois anos de implementação ainda colocando no ar produtos e serviços disponíveis aos consumidores. O sistema, lançado pelo Banco Central em fevereiro de 2021, permite o compartilhamento de dados dos usuários entre bancos e instituições financeiras — sempre mediante autorização.
A modalidade foi criada para estimular a competição entre as empresas e melhorar a experiência dos usuários, mas o desenvolvimento de recursos dentro dessa lógica leva tempo.
Um levantamento feito pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mapeou que 45 produtos e serviços já são oferecidos aos usuários. Entre os recursos disponíveis, há agregadores financeiros para iniciação de pagamentos, soluções para otimizar a oferta de propostas de crédito e serviços voltados para cashbacks e tarifas.
A pesquisa da entidade também apontou que 17,3 milhões de consentimentos de clientes foram registrados para o compartilhamento de dados pessoais e bancários entre as instituições financeiras participantes. No período, também foram contabilizadas 10,8 bilhões de comunicações entre as empresas do sistema financeiro para a troca de informações.
Segundo a Febraban, este ano o foco será em englobar ao Open Finance informações relacionadas a participantes não bancários, como corretoras e seguradoras.
Leandro Vilain, diretor executivo de Inovação, Produtos e Serviços Bancários da Febraban, avalia que os resultados estão dentro do esperado pelas empresas "dada a complexidade" do projeto:
— A quantidade de produtos e serviços disponíveis já está gerando benefícios para o cliente. Estamos agora voltados à fase 4, uma etapa que traz mais complexidade porque junta outros participantes e reguladores fora do sistema bancário.
Como funciona?
A infraestrutura funciona sob regulação do Banco Central. O sistema trabalha pelas chamadas APIs (interfaces de programação de aplicações), que fazem a conexão entre as instituições participantes e permitem a troca de informações entre elas de uma maneira padronizada.
O cliente dá seu consentimento para o compartilhamento de seus dados, que devem ser usados apenas para a finalidade específica autorizada e no período escolhido pelo usuário.
Lançado primeiro como Open Banking, o Open Finance começou com a disponibilização ao público de informações padronizadas dos produtos e serviços dos bancos.
O nome mudou oficialmente em março deste ano, porque o BC entendeu que, como o sistema passou a abarcar dados além dos bancários, como os de investimentos e seguros, o termo facilitaria a compreensão do público em geral.
Veja o que já é oferecido:
No banco Inter, a funcionalidade oferecida dentro da lógica do Open Finance é o chamado "Trazer Dinheiro", que permite que os clientes movimentem, dentro do próprio aplicativo do banco, recursos disponíveis em contas de diferentes instituições financeiras.
Já no Nubank, o usuário consegue visualizar o saldo de todas as contas bancárias vinculadas ao sistema dentro do app do banco. A modalidade, lançada no fim de janeiro, ainda está em fase de testes, e deve ser liberada a todos os clientes gradativamente. Por enquanto, 300 mil correntistas já têm acesso à função.
No Banco do Brasil, 85% dos clientes que compartilharam dados recebem ofertas personalizadas, como taxas, limites ou recomendações sob medida, e tiveram limites reavaliados. Os usuários também conseguem consultar as movimentações financeiras em outros bancos pelo sistema do BB.
No Banco BV, os dados dos clientes são usados para otimizar ofertas de crédito.
Já no Mercado Pago, o iniciador de pagamentos permite a realização de depósitos em conta e pagamentos no e-commerce, por exemplo, de maneira mais fluida, melhorando, por exemplo, a experiência do Pix Copia e Cola. Nessa funcionalidade, o cliente consegue aprovar as transações com as credenciais da conta, independentemente de onde esteja o dinheiro.
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